Mensagem do mês pelo Religioso Flávio
AS VIRTUDES TEOLOGAIS (Flávio Alves Rosário Oblato)
A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem. Permite à pessoa não só praticar atos bons, mas dar o melhor de si. (cf. CIC 1803). As virtudes teologais se referem diretamente a Deus. Elas fundamentam, animam e caracterizam o agir moral do cristão (cf. CIC 1812-1813). Há três virtudes teologais: a fé, a esperança e a caridade.
“Damos graças a Deus, por todos vós, sempre que fazemos menção de vós em nossas orações. É que recordamos sem cessar, aos olhos de Deus nosso Pai, a atividade da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a perseverança da vossa esperança em Nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 1,2-3).
1. O caminho da fé
Abraão, nosso Pai na fé (cf. Gn 12-25)
“A fé desvenda-nos o caminho e acompanha os nossos passos na história. Por isso, se quisermos compreender o que é a fé, temos que explanar o seu percurso, o caminho dos homens crentes com os primeiros testemunhos já no Antigo Testamento” (Lumen Fidei, 8). Abraão foi um homem que confiou em Deus e se aventurou a “caminhar com ele” (cf. Gn 17,1). A fé de Abraão não é senão um modo de viver perante Deus, um peregrinar na presença de Deus. Na história, Deus escolhe este homem para fazer com ele uma aliança e estabelecer com ele uma amizade. Ele é chamado “o amigo de Deus” (Tg 2,23).
O chamado de Deus é também promessa, futuro, esperança para Abraão e para a humanidade: “farei de ti um grande povo” (Gn 12,2). No momento de sua vocação a palavra chave era “sai da tua terra... e, Abraão partiu” (Gn 12, 1.4).
Esta fé é um êxodo, uma saída. Deixar a família, seu ambiente, seus interesses, sua segurança. E, se abrir ao futuro, à história, a Deus. Deixar a si mesmo, confiar-se a outro, deixar-se guiar e empreender uma aventura entre dois (Deus e Abraão). Abraão “acreditou contra toda esperança” (Rm 4, 18), e sua fé o tornou forte (cf. Rm 4,20). Abraão compreendeu que andar na presença de Deus, e crer n’Ele significava praticar “o direito e a justiça” (cf. Gn 18,19). A fé, também implica em docilidade e obediência, e isso Abraão demonstrou no sacrifício de seu filho Isaac, filho único, filho amado (Gn 22, 1-18).
“Feliz aquela que creu, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido” (Lc 1,45)
No Evangelho de Lucas, Isabel saúda Maria, com as palavras “bem-aventurada tu que acreditaste”, assim, Maria é apresentada a nós como exemplo de vida na fé. Mãe de Deus e Mãe da Igreja, Imaculada Conceição, é nossa mãe educadora na fé.
Sua fé se dá em sua entrega, em sua obediência, em sua disponibilidade para com Deus: “eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a Tua Palavra!” (Lc 1,38).
Cristo: a plenitude da fé
“Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu Dia. Ele o viu e encheu-se de Alegria!” (Jo 8,56). De acordo com essas palavras de Jesus, a fé de Abraão estava orientada para Ele, de certo modo era a visão antecipada de seu mistério. Assim, a nossa fé deve estar centrada na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo; “porque se confessares com tua boca que Jesus é o Senhor e creres em teu coração que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10,9). Entendendo que a “hora da cruz” seja o momento culminante da nossa fé porque é a maior expressão de seu amor por nós. Mais, a fé que olha para Jesus também olha com Jesus, com sua perspectiva, com seus olhos, assim, a fé também é a participação no seu modo de ver. É dar crédito a Jesus: “a obra de Deus é que creiais naquele que Ele enviou” (Jo 6, 29). (cf. Díaz Mateos, 1993, p. 110).
2. O caminho da esperança
“Que o Deus da esperança, vos cumule de toda alegria e paz vossa fé, a fim de que pela ação do Espírito Santo a vossa esperança transborde” (Rm 15, 13). O Deus da fé cristã é ao mesmo tempo “o Deus da esperança”. A palavra que Deus dirige aos homens na história se faz promessa que suscita e orienta a resposta do homem como fé, e como esperança. Deus entra na história dos homens como promessa, quer dizer, como futuro, como esperança: “a fé e a garantia antecipada do que se espera, a prova de realidades que não se vêem” (Hb 11,1), a esperança tem sua raiz na fé.
A esperança é a grande virtude dos caminhantes, dos que não se acomodam na vida, dos que sempre estão iniciando um novo caminho, dos que se aventuram, dos que avançam. Um caminho novo é sempre difícil, mas abre horizontes, faz história, lança-nos ao futuro. E, quando se caminha com fé até o “vale da desgraça”, torna-se “passagem da esperança” (cf. Os 2,17).
Deus é o grande educador da esperança e o companheiro seguro no caminhar: “quanto a mim, estou sempre contigo, tu me agarraste pela mão direita, tu me conduzes pelo teu conselho, e com tua glória me atrairás” (Sl 73, 23-24).
A esperança de Abraão
Abraão tinha o sonho da terra e da descendência, que graças a pedagogia divina, tornou-se o sonho de todo o povo de uma pátria melhor: “Pois, esperava a cidade que tem fundamentos, cujo arquiteto e construtor é o próprio Deus” (Hb 11, 10). Assim, os sonhos são espiritualizados, o horizonte é ampliado e a esperança é a vida plena e definitiva junto do Deus.
O chamado que Deus faz a Abraão não é só um convite a sair, mas tem também um conteúdo, uma promessa. Essa promessa desperta em Abraão a esperança ativa que o leva a pôr-se a caminho da construção de uma nova história, uma nova humanidade.
A esperança dos profetas
Os profetas são os educadores da esperança de Israel: “pelos profetas os conduzistes na esperança da salvação” (Oração Eucarística IV). Contra o desejo de voltar atrás, ao passado, Isaías ameaça os israelitas dizendo: “não fiqueis a lembrar coisas passadas, não vos preocupeis com acontecimentos antigos. Eis que farei uma coisa nova, ela já vem despontando: não a percebeis¿ (Is 43, 18-19a).
Cristo: nossa esperança
“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por ordem de Deus, nosso Salvador, e de Cristo, nossa esperança” (1Tm 1,1). Cristo é o realizador da esperança e por isso é objeto dela. Ele, morto e ressuscitado é o fundamento de nossa esperança. Cristo, melhor do que ninguém é caminho de esperança. Ele, feito servo de Deus, obediente até a morte, nos deu o exemplo do que significa crer e esperar em Deus.
Cristo na cruz é a esperança para a humanidade sofredora: Cristo, crucificado em solidariedade com a dor humana; Cristo morto na cruz, vencedor da morte e doador da vida; Cristo ressuscitado, iniciador da novidade na história dos homens. (cf. Díaz Mateos, 1993, p. 189)
3.O CAMINHO DO AMOR
No itinerário da fé bíblica a imagem de Deus vai-se tornando cada vez mais clara e unívoca na oração fundamental de Israel: “Ouve ó Israel: Iahweh nosso Deus é o único Iahweh” (Dt 6,4). Existe um único Deus, que é criador do céu e da terra, e por isso também o Deus de todos os homens, Ele mesmo, é o autor de toda realidade; esta provém da força de sua Palavra criadora. Isso significa que sua criatura Lhe é querida: este Deus ama o ser humano.
O amor apaixonado de Deus pelo povo é um amor que perdoa: “Como poderia eu abandonar-te, ó Efraim, entregar-te, ó Israel¿ Como poderia em abandonar-te como a Adama, tratar-te como a Seboim¿ Meu coração se contorce dentro de mim, minhas entranhas comovem-se” (Os 11, 8-9).
Jesus Cristo – o amor encarnado de Deus
O amor de Deus ganha, no Novo Testamento, sua forma dramática devido ao fato que, em Jesus Cristo, o próprio Deus vai atrás da “ovelha perdida”, a humanidade sofredora e transviada. Em sua morte de cruz, ele expressa seu amor de forma mais radical: “Aquele que não ama não conheceu a Deus, porque Deus é amor” (1Jo 4,8; cf. 1Jo 4,7- 5,4 –à fonte da caridade).
Este ato de oferta de Jesus na cruz se faz duradouro na Eucaristia (cf. Jo 6, 31-33). A Eucaristia nos conduz ao ato oblativo de Jesus, que por sua natureza é comunhão: “Já que há um único corpo, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que todos participamos deste único pão” (1Cor 10,17).
O mandamento principal, que resume “toda lei e os profetas”, também entendido como mandamento maior é sobre o amor: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei¿” Ele respondeu: amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda tua alma e de todo teu espírito. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: amarás o teu próximo como a ti mesmo”. (Mt 22, 36-39)
A caridade como dever da Igreja
“Todos os que tinham abraçado a fé reuniam-se e punham tudo em comum: vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um” (Atos 2, 44-45). A caridade consiste em que, no seio da comunidade haja atitudes e ações, que não deixe existir uma forma de pobreza tal que falta o necessário para uma vida digna. (cf. Bento XVI, 2006, p. 16).
Conclusão
“Agora, portanto, permanecem a fé, a esperança, a caridade, essas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade” (1Cor 13,13).
Referências Bibliográficas
Bento XVI. Carta Encíclica “Deus Caritas Est”. São Paulo, Loyola: 2006.
_________. Carta Encíclica “Spe salvi”. São Paulo, Loyola: 2007.
Francisco. Carta Encíclica “Lumen Fidei”. São Paulo, Loyola: 2013
João Paulo II. Catecismo da Igreja Católica. São Paulo, Loyola: 1999.
Mateos Díaz, Manuel. A vida nova – Fé, Esperança e Caridade. São Paulo, Vozes: 1993
VV.AA. Bíblia de Jerusalém. São Paulo. Paulus: 2002.
MISSÃO DA FAMÍLIA CRISTÃ NO MUNDO DE HOJE
INTRODUÇÃO
Olhando em meio a tantas mudanças sociais e culturais, profundas e rápidas, muitas famílias ainda resguardam os valores fundamentais à instituição familiar. Por isso, tantas outras estão confusas em relação aos seus deveres e ao sentido último da verdade da vida conjugal e familiar. A Igreja deseja , pois, ajudar aos que procuram viver fielmente o valor do matrimônio, sustentando-os e iluminando a cada homem que trilha os caminhos do matrimônio e da família.
Preocupa também particularmente com os nossos jovens que iniciam a seu caminho para o matrimônio e com a família, mostrando-lhes novas perspectivas na descoberta da beleza e da grandeza da vocação ao serviço da vida e ao amor. A comunidade cristã (família) é verdadeiramente a primeira chamada a anunciar o Evangelho à pessoa humana e levá-la, mediante a catequese e a educação progressiva, à plenitude da maturidade humana e cristã.
A família deve ajuda ao homem a discernir a própria vocação e a assumir o empenho necessário para que haja mais justiça, formando-o, desde o início, para relações interpessoais inspiradas na justiça e no amor enquanto comunidade educativa. Enfim, a família é chamada a redescobrir sua identidade própria e a desenvolver na história as tarefas que brotam do seu próprio ser. Ela representa a Aliança entre Deus e os homens definitivamente realizados na Nova e Eterna Aliança no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo, Filho-Verbo, Encarnado na história. A Exortação Apostólica Pós-Sinodal Familiaris Consortio de João Paulo II trata, pois, da missão da família no mundo contemporâneo.
LUZES E SOMBRAS
Iluminada pela fé, a Igreja sente mais uma vez a necessidade de anunciar o evangelho a todos, indistintamente de modo especial a todos os que são chamados ao matrimônio ou aos que para ele se preparam. Só no acolhimento do Evangelho se dá a plena realização da esperança que o homem depõe legitimamente no matrimônio e na família.
O matrimônio e a família são interiormente ordenados a complementarem-se em Cristo e têm necessidade de sua graça para serem curados da ferida do pecado e conduzidos ao pleno conhecimento de Deus e à realização do desígnio de Deus. Nos tempos hodiernos a família recebe constantes investidas, tentativas de deformar e desestruturar o “modelo institucional” inspirado pelo próprio Deus e usado Poe Ele mesmo como modelo. Ele quis que seu Filho nascesse em meio ao aconchego de uma família, nela crescesse e dela absorvesse os valores e exemplos necessários para a formação do caráter da pessoa humana.
O conhecimento das situações em que o matrimônio e a família se encontram hoje é uma exigência indispensável para a evangelização. É na existência cotidiana da família que a Igreja deve levar o “imutável e sempre novo Evangelho de Jesus Cristo. Elas, por sua vez, são chamadas a acolher e viver este projeto de Deus. Todavia, constantemente são oferecidas ao homem e a mulher de hoje visões e propostas sedutoras, entretanto que comprometem a verdade e a dignidade da pessoa humana. Muitos se empenham na defesa da verdade pela preservação da pessoa humana. A Igreja une-se a estas, oferecendo-lhes seu serviço em favor da verdade, da liberdade e da dignidade de cada homem e de cada mulher.
O discernimento evangélico
A Igreja sempre ao meio do evangelho orienta aponta e indica-nos que se salvaguarde e se realize a inteira verdade e a plena dignidade do matrimônio e da família. Ela não realiza o discernimento evangélico só por meio dos Pastores, mas também por meio dos leigos. Estes, em razão de sua vocação particular, têm o dever específico de interpretar à luz de Cristo a história deste mundo, enquanto chamados a iluminar as realidades temporais segundo o desígnio de Deus.
A Igreja procura a verdade seguindo a Cristo, que nem sempre coincide com a opinião da maioria. Na escuta da consciência e não do poder, defende os pobres e necessitados. Os Pastores devem promover o sentido da fé em todos os fieis, avaliar e julgar com autoridade a genuinidade das expressões, educar os crentes para um discernimento evangélico sempre mais amadurecido. Pois é dever do ministério apostólico assegurar a permanência da Igreja na verdade de Cristo.
A situação da família no mundo de hoje
Como sinal da salvação operante no mundo a família se apresenta hoje , mas também como sinal da recusa do homem ao amor de Deus. Este último deve-se, muitas vezes à corrupção da idéia e da experiência de liberdade concebida não como capacidade de realizar a verdade do projeto de Deus sobre o matrimônio e a família, mas como força autônoma de afirmação para o próprio bem-estar.
Atente-se para o fato de que nos países pobres faltam as mais elementares condições de uma sobrevivência humana digna e nos países ricos,ao contrário, o bem-estar excessivo e a mentalidade consumista. Em ambos os casos vemos roubadas aos esposos a generosidade e a coragem de suscitarem novas vidas humanas: assim a vida é concebida muitas vezes não como uma bênção, mas como um perigo de que é preciso defender-se.
Percebe-se, por isto, que a história não é somente um progresso necessário para o melhor, mas antes um acontecimento de liberdade, e ainda um combate de liberdades que se opõem entre si; para Santo Agostinho, um conflito entre dois amores: o amor de Deus impelido até ao desprezo de si e amor de si impelido até ao desprezo de Deus.
Nem sempre os fiéis souberam e sabem resguardar-se diante do obscurecimento dos valores fundamentais e manter a consciência crítica, como sujeitos da construção de um humanismo familiar autêntico.
Os Padres Sinodais enfatizaram, entre os sinais mais preocupantes:a difusão do divórcio e do recurso a uma nova união por parte dos mesmos fieis; a aceitação do matrimônio meramente civil;a celebração do sacramento do matrimônio sem uma fé viva; a recusa das normas morais que guiam e promovem o exercício humano e cristão da sexualidade no matrimônio.
Torna então de certo modo necessário recuperar por parte de todos a consciência do primado dos valores morais, que são os valores da pessoa humana como tal. Podem aplicar-se aos problemas da família as palavras do Concílio Vaticano II: “Mais do que os séculos passados, o nosso tempo precisa de tal sabedoria, para que se humanizem as novas descobertas dos homens. Com efeito, o destino do mundo está ameaçado se não surgirem homens cheios de sabedoria”
O DESÍGNIO DE DEUS SOBRE O MATRIMÔNIO E A FAMÍLIA
Deus o chama concomitantemente ao amor chamando homem à vida,. Pois Ele é amor e vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal de amor. O amor, portanto, a fundamental e originária vocação do ser humano.
O amor abraça também o corpo humano e este se torna participante do amor espiritual. Enquanto alma que se exprime no corpo informado por um espírito imortal, o homem é chamado ao amor nesta sua totalidade unificada.
A Revelação cristã conhece dois modos específicos de realizar a vocação da pessoa humana na sua totalidade ao amor: o Matrimônio e a Virgindade. Ambos são uma concretização da verdade mais profunda do homem, do seu “ser à imagem de Deus”
O matrimônio e a comunhão entre Deus e os homens
A comunhão de amor entre Deus e os homens, conteúdo fundamental da Revelação e da experiência de fé de Israel, encontra uma significativa expressão na aliança nupcial, que se instaura entre o homem e a mulher. Eis porque a palavra central da Revelação, “Deus ama seu povo”, é também pronunciada através das palavras vivas e concretas com que o homem e a mulher se declaram o seu amor conjugal. No entanto, nem mesmo a infidelidade de Israel destrói a fidelidade eterna do Senhor.
O amor sempre fiel de Deus põe-se como modelo das relações do amor fiel que deve existir entre os esposos.
Jesus Cristo, esposo da Igreja, e o sacramento do matrimônio
A comunhão entre Deus e os homens encontra o seu definitivo cumprimento em Jesus Cristo, o Esposo que ama e se doa como Salvador da humanidade, unindo-a a si como seu corpo. Ele revela a verdade do “princípio” e, libertando o homem da dureza de seu coração. Torna-o capaz de a realizar inteiramente. Acolhendo e meditando fielmente a Palavra de Deus, a Igreja tem solenemente ensinado que o matrimônio dos batizados é um dos sete sacramentos da Nova Aliança. Pelo batismo, o homem e a mulher estão definitivamente inseridos na nova e eterna Aliança.
Os esposos são para a Igreja o chamamento permanente daquilo que aconteceu sobre a cruz; são um para outro, e para os filhos, testemunhas da salvação da qual o sacramento os faz participar. O matrimônio é um símbolo real do acontecimento da salvação de modo próprio. Trata-se de características normais do amor conjugal natural, mas com um significado novo que não só as purifica e as consolida, mas eleva-as a ponto de torná-las a expressão de valores propriamente cristãos.
Os filhos, dom preciosíssimo do matrimônio
O matrimônio e o amor conjugal se ordenam à procriação da família e educação da prole, na qual encontram a sua coroação. Tornando-se pais, os esposos recebem de Deus o dom de uma nova responsabilidade. O seu amor paternal é chamado a tornar-se para os filhos o sinal visível do próprio amor de Deus, “do qual deriva toda paternidade no céu e na terra” (Cf. Gn 2,24).
Todavia, não devem esquecer-se de que, mesmo quando a procriação não é possível, nem por isso a vida conjugal perde o seu valor. A esterilidade física pode ser para os esposos ocasião de outros serviços importantes à vida humana, por exemplo, a adoção de filhos e as várias formas educacionais, a ajuda a outras famílias, às crianças pobres ou deficientes.
Matrimônio e virgindade
A virgindade e o celibato pelo Reino de Deus pressupõem e confirmam a dignidade do matrimônio. Quando não se tem apreço pelo matrimônio, não há lugar para a virgindade consagrada; quando a sexualidade humana não é considerada um grande valor dado pelo Criador, perde significado a renúncia pelo Reino dos Céus. A pessoa virgem antecipa assim na sua carne o mundo novo da ressurreição futura. Como para os esposos a fidelidade se torna às vezes difícil e exige sacrifício, mortificação e renúncia, também o mesmo pode acontecer às pessoas virgens. A fidelidade destas, mesmo na provação eventual, deve edificar a fidelidade daqueles.
OS DEVERES DA FAMÍLIA CRISTÃ
Família, torna-te aquilo que és!
A família descobre no plano de Deus Criador e Redentor, não só a sua identidade, mas também a sua missão, que é de se tornar cada vez mais aquilo que é: comunidade de vida e de amor, numa busca que, como para cada realidade criada e redimida, encontrará a plenitude no Reino de Deus. É-lhe confiada a missão de guardar, revelar e comunicar o amor.
A FORMAÇÃO DE UMA COMUNIDADE DE PESSOAS
O amor, princípio e força da comunhão
“O homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se não o experimenta e se não o torna algo próprio, se nele não participa vivamente” (Redemptor Hominis). O amor entre os membros de uma família é animado e impelido pelo dinamismo interior e incessante que conduz a família a uma comunhão sempre mais profunda e intensa, fundamento da alma e da comunidade conjugal e familiar.
A unidade indivisível da comunhão conjugal
A poligamia contradiz radicalmente tal comunhão. Nega diretamente o plano de Deus como nos foi revelado nas origens, porque contrária à igual dignidade pessoal entre o homem e a mulher que no matrimônio se doam com um amor total, e por isso mesmo único e exclusivo. Como escreve o Concílio Vaticano II: “A unidade do matrimônio, confirmado pelo Senhor, manifesta-se também claramente na igual dignidade pessoal da mulher e do homem que se deve reconhecer no mútuo e pleno amor”.
A todos os que em nossos dias consideram difícil ou mesmo impossível ligar-se a uma pessoa por toda a vida e aos que subvertidos por uma cultura que rejeita a indissolubilidade do matrimônio e que ridicularizam abertamente o empenho de fidelidade dos esposos, é necessário reafirmar o alegre anúncio da forma definitiva daquele amor conjugal, que tem em Jesus Cristo o firmamento e o vigor. “O que Deus uniu o homem não separe”. (Mt 19, 6). Mas é imperioso reconhecer o valor do testemunho daqueles cônjuges que, embora tendo sido abandonados pelo consorte, com a força da fé e da esperança cristã não contraíram uma nova união. Estes cônjuges dão também um autêntico testemunho da fidelidade de que o mundo tanto necessita
Direitos e função da mulher
A história da salvação é um contínuo e claro testemunho da dignidade da mulher. Deus manifesta ainda na forma mais elevada possível a dignidade da mulher, ao assumir ele mesmo a carne humana da Virgem Maria, que a Igreja honra como Mãe de Deus, chamando-a Nova Eva.
Os anciãos na família
A vida dos anciãos ajuda-nos a esclarecer a escala dos valores humanos; mostra a continuidade das gerações e demonstra maravilhosamente a interdependência do povo de Deus. Os anciãos têm além disso carisma de encher os espaços vazios entre gerações, antes que sublevem.
A doutrina e a norma sempre antigas e sempre novas da Igreja
A Igreja tem consciência de ter recebido a missão especial de guardar e de proteger a altíssima dignidade do matrimônio e a gravíssima responsabilidade da vida humana.
Alguns se perguntam se viver é bom ou se não teria sido melhor nem sequer ter nascido. Duvidam da liceidade de chamar outros à vida, que talvez amaldiçoarão sua existência num mundo cruel.
A Igreja condena como ofensa grave à dignidade humana e à justiça todas aquelas atividades dos governos ou de outras autoridades públicas que tentam limitar por qualquer modo a liberdade dos cônjuges na decisão sobre os filhos.
PASTORAL FAMILIAR: ETAPAS, ESTRUTURAS, RESPONSÁVEIS E SITUAÇÕES
Sublinha-se, portanto, uma vez mais a urgência da intervenção pastoral da Igreja em prol da família. É preciso empregar todas as forças para que a pastoral da família se afirme e desenvolva, dedicando-se a um sector verdadeiramente prioritário, com a certeza de que a evangelização, no futuro, depende em grande parte da Igreja doméstica.
A solicitude pastoral da Igreja não se limitará somente às famílias cristãs mais próximas, mas, alargando os próprios horizontes à medida do coração de Cristo, mostrar-se-á ainda mais viva para o conjunto das famílias em geral e para aquelas, em particular, que se encontram em situações difíceis ou irregulares.
Preparação
A preparação dos jovens para o matrimônio e para a vida familiar é necessária hoje mais do que nunca. Em alguns países são ainda as mesmas famílias que, segundo costumes antigos, se reservam transmitir aos jovens os valores que dizem respeito à vida matrimonial e familiar, mediante uma obra progressiva de educação ou iniciação. A preparação para o matrimônio deve ver-se e atuar-se como um processo gradual e contínuo. Compreende, de fato, três momentos principais: uma preparação remota, outra próxima e outra imediata.
A preparação remota tem início desde a infância, naquela sábia pedagogia familiar, orientada a conduzir as crianças a descobrirem-se a si mesmas como seres dotados de uma rica e complexa psicologia e de uma personalidade particular com as forças e fragilidades próprias. É nesta base que, em seguida e mais amplamente, se porá o problema da preparação próxima, que - desde a idade oportuna e com adequada catequese, como em forma de caminho catecumenal - compreende uma preparação mais específica, quase uma nova descoberta dos sacramentos. A preparação imediata para a celebração do sacramento do matrimônio deve ter lugar nos últimos meses e semanas que precedem as núpcias quase a dar um novo significado, um novo conteúdo e forma nova ao chamado exame pré-matrimonial exigido pelo direito canônico.
A celebração
O matrimônio cristão exige, por norma, uma celebração litúrgica que exprima de forma social e comunitária a natureza essencialmente eclesial sacramental do pacto conjugal entre os batizados. Enquanto gesto sacramental de santificação, a celebração do matrimônio - inserida na liturgia, cume de toda a ação da Igreja e fonte da sua força santificadora - deve ser por si válida, digna e frutuosa. Abre-se aqui um campo vasto à solicitude pastoral a fim de que sejam plenamente cumpridas as exigências derivantes da natureza do pacto conjugal elevado a sacramento, e seja de igual modo fielmente observada a disciplina da Igreja sobre a liberdade do consentimento, os impedimentos, a forma canônica e o próprio rito da celebração. Este último deve ser simples e digno, de acordo com os princípios das competentes autoridades da Igreja
A comunidade eclesial e a paróquia em particular
Sendo ao mesmo tempo comunidade salva e salvadora, a Igreja deve considerar-se aqui na sua dupla dimensão universal e particular: esta se exprime e atua-se na comunidade diocesana, pastoralmente dividida em comunidades menores entre as quais se distingue, pela sua importância peculiar, a paróquia.
Bispos e presbíteros
O primeiro responsável da pastoral familiar na diocese é o bispo. Como Pai e Pastor, ele deve estar atento de um modo particular a este sector da pastoral, sem dúvida prioritária. Deve consagrar-lhe uma grande dedicação, solicitude, tempo, pessoal, recursos; sobretudo, porém, apoio pessoal às famílias e a quantos, nas diversas estruturas diocesanas, o ajudam na pastoral da família. Empenhar-se-á particularmente no propósito de fazer com que a sua diocese se torne sempre mais uma verdadeira «família diocesana» modelo e fonte de esperança para tantas famílias que a integram.
Religiosos e religiosas
O contributo que os religiosos e as religiosas, e as almas consagradas em geral, podem dar ao apostolado da família encontra a primeira, fundamental e original expressão exatamente na consagração a Deus que os torna «diante de todos os fiéis... chamada daquele admirável conúbio realizado por Deus e que se manifestará plenamente no século futuro, pelo que a Igreja tem Cristo como único esposo», e testemunhas daquela caridade universal que por meio da castidade abraçada pelo Reino dos céus, os torna sempre mais disponíveis para se dedicarem generosamente ao serviço divino e às obras do apostolado.
Leigos especializados
Podem prestar grande ajuda às famílias os leigos especializados (médicos, juristas, psicólogos, assistentes sociais, consulentes, etc...) quer individualmente quer empenhados em diversas associações e iniciativas, com trabalho de esclarecimento, de conselho, de orientação, de apoio.
Circunstâncias particulares
Um empenho pastoral ainda mais generoso, inteligente e prudente, na linha do exemplo do Bom Pastor, é pedido para aquelas famílias que - muitas vezes independentemente da própria vontade ou pressionadas por outras exigências de natureza diversa - se encontram em situações objetivamente difíceis.
Tais são, por exemplo, as famílias dos emigrantes por motivos de trabalho; as famílias de quantos são obrigados a ausências longas, como, por exemplo, os militares, os marinheiros, os itinerantes de todo o tipo; as famílias dos presos, dos prófugos e dos exilados; as famílias que vivem praticamente marginalizadas nas grandes cidades; aquelas que não têm casa, as incompletas ou «monoparentais»; as famílias com filhos deficientes ou drogados; as famílias dos alcoólatras; as desenraizadas do seu ambiente social e cultural ou em risco de perdê-lo; as discriminadas por motivos políticos ou por outras razões; as famílias ideologicamente divididas; as que dificilmente conseguem ter um contacto com a paróquia; as que sofrem violência ou tratamentos injustos por causa da própria fé; as que se compõem de cônjuges menores; os anciãos, não raramente forçados a viver na solidão e sem meios adequados de subsistência.
Matrimônios mistos
O número crescente dos matrimônios entre católicos e outros batizado exige uma peculiar atenção pastoral à luz das orientações e das normas, contidas nos mais recentes documentos da Santa Sé e das Conferências episcopais, para uma aplicação concreta às diversas situações.
O matrimônio à experiência
Uma primeira situação irregular é dada pelo que se chama «matrimônio à experiência», que hoje muitos querem justificar, atribuindo-lhe certo valor. A razão humana insinua já a sua não aceitação, mostrando quanto seja pouco convincente que se faça uma «experiência» em relação a pessoas humanas, cuja dignidade exige que sejam elas só e sempre, o termo do amor de doação sem limite algum nem de tempo nem de qualquer outra circunstância.
Uniões livres de fato
Trata-se de uniões sem nenhum vínculo institucional, civil ou religioso, publicamente reconhecido. Este fenômeno - cada vez mais freqüente - não deixará de chamar a atenção dos pastores, exatamente porque existindo na sua base elementos muito diversos, será possível atual sobre eles e limitar-lhes as conseqüências.
Católicos unidos só em matrimônio civil
Difunde-se sempre mais o caso de católicos que, por motivos ideológicos e práticos, preferem contrair só matrimônio civil, rejeitando ou pelo menos adiando o religioso. A sua situação não se pode equiparar certamente à dos simples conviventes sem nenhum vinculo, pois que ali se encontra ao menos um empenhamento relativo a um preciso e provavelmente estável estado de vida, mesmo se muitas vezes não está afastada deste passo a perspectiva de um eventual divórcio.
Separados e divorciados sem segunda união
Motivos diversos, quais incompreensões recíprocas, incapacidade de abertura a relações interpessoais, etc. podem conduzir dolorosamente o matrimônio válido a uma fratura muitas vezes irreparável. Obviamente que a separação deve ser considerada remédio extremo, depois que se tenham demonstrado vãs todas as tentativas razoáveis.
Divorciados que contraem nova união
A experiência quotidiana mostra, infelizmente, que quem recorreu ao divórcio tem normalmente em vista a passagem a uma nova união, obviamente não com o rito religioso católico. Pois que se trata de uma praga que vai, juntamente com as outras, afetado sempre mais largamente mesmo os ambientes católicos, o problema deve ser enfrentado com urgência inadiável. Os Padres Sinodais estudaram-no expressamente. A Igreja, com efeito, instituída para conduzir à salvação todos os homens e sobretudo os batizado, não pode abandonar aqueles que - unidos já pelo vínculo matrimonial sacramental - procuraram passar a novas núpcias. Por isso, esforçar-se-á infatigavelmente por oferecer-lhes os meios de salvação.
Os sem-família
Desejo ainda acrescentar uma palavra para uma categoria de pessoas que, pela situação concreta em que se encontram - e muitas vezes não por sua vontade deliberada - eu considero particularmente junto do Coração de Cristo e dignas do afeto e da solicitude da Igreja e dos pastores.
Infelizmente há no mundo muitíssimas pessoas que não podem referir-se de modo algum ao que poderia definir-se em sentido próprio uma família. Grandes sectores da humanidade vivem em condições de enorme pobreza, em que a promiscuidade, a carência de habitações, a irregularidade e instabilidade das relações, a falta extrema de cultura não permitem praticamente poder falar de verdadeira família. Há outras pessoas que, por motivos diversos, ficaram sós no mundo. Também para todos estes há um «bom anúncio da família».
O futuro da humanidade passa pela família!
É, pois indispensável e urgente que cada homem de boa vontade se empenhe em salvar e promover os valores e as exigências da família. Sinto-me no dever de pedir aos filhos da Igreja um esforço especial neste campo. Conhecendo plenamente, pela fé, o maravilhoso plano de Deus, eles têm uma razão mais para se dedicar à realidade da família neste nosso tempo de prova e de graça.
Devem amar particularmente a família.
É o que concreta e exigentemente vos confio. Amar a família significa saber estimar os seus valores e possibilidades, promovendo-os sempre. Amar a família significa descobrir os perigos e os males que a ameaçam, para poder superá-los. Amar a família significa empenhar-se em criar um ambiente favorável ao seu desenvolvimento. E, por fim, forma eminente de amor à família cristã de hoje, muitas vezes tentada por incomodidades e angustiada por crescentes dificuldades, é dar-lhe novamente razões de confiança em si mesma, nas riquezas próprias que lhe advém da natureza e da graça e na missão que Deus lhe confiou. «É necessário que as famílias do nosso tempo tomem novamente altura! É necessário que sigam a Cristo».
Flávio Alves Rosário Oblato
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Meus irmãos e Irmãs em Cristo!
é como diz a sagrada Escritura:“Digo isto porque sabemos tempo que já é hora de vos despertardes do sono; porque agora está mais perto de nós a salvação, do que quando recebemos a fé” Rom 13:11
É com alegria que a igreja esta celebrando neste tempo o Advento é tempo de preparação. A Igreja celebra cada ano esta quadra que deve significar para nós um momento de mergulho para dentro de nós mesmos e percebermos até onde estamos preparados para receber o “Bendito que vem em nome do Senhor”! A coleta do Primeiro Domingo do Advento nos exige rejeitar as obras das trevas e vestirmos das armas da luz o que parece ser uma linguagem militar, de confronto claro, onde não é possível se ficar neutro. Para alguns isso pode parecer uma linguagem exagerada! Mas, dispensando o imaginário de uma batalha literalmente renhida, o Advento é tempo de deixarmos claro que projeto de vida e de sociedade o Principe da Paz deseja para a humanidade.
Nossa sociedade está estruturada sobre uma ideologia do consumo e da coisificação de tudo. Estamos assistindo uma excêntrica exploração da festa do Natal pelos poderosos deste mundo. Vivemos um espécie de síndrome de Herodes. Explico: o interesse de Herodes de ver o Menino não era para adora-lo, como disse aos Magos. Assim também o mercado não quer saber de Jesus. Quer saber de lucro, de consumo. O que menos importa é o Menino. Aliás, muitos meninos e meninas, como Jesus, estão jogados à própria sorte em nossa sociedade. Meninos e meninas não interessam, a menos que sejam consumidores!
Humildade, diz o mercado, é coisa para quem não tem ambição. Mas se esquecem que o Menino Deus se humilhou, se desconstruiu a si mesmo como Deus supremo para assumir a nossa natureza. A Igreja, neste tempo, é chamada a assumir também a humildade de Jesus e acolhe-lo como uma criança, frágil, sem teto e num universo de incertezas.
Onde estaremos nós durante este tempo de Advento? Estaremos orando e nos preparando para cantar o Gloria in Excelsis Deo, quando chegar a noite do Natal? Estaremos esvaziados de nossas preocupações consumistas no frenesi das lojas, dos shoppings, das festas (algumas delas de pura aparência), ou daquilo que o mercado configura indevidamente como espírito de Natal? Estaremos redescobrindo a solidariedade? Estaremos pedindo a Deus que nos afaste das obras de injustiça? Se estamos neste caminho, dou graças a Deus!
O encontro com o Menino Deus é experiência transformadora. Mas para isso precisamos nos preparar com disciplina para que em nós se manifeste a graça divina, a sabedoria para distinguir entre as obras das trevas e as obras da luz. As primeiras escravizam nossos espíritos. As segundas nos fazem sentir livres, disponíveis para Deus! Que caminho queremos seguir?
As obras das trevas são multiplicadoras de exclusões, de violência contra os mais fracos, de vaidades que não preenchem a real necessidade das pessoas humanas. As obras da luz geram respeito, justiça, libertação! Sigamos as obras da luz e assim estaremos livres para acolher o Menino Deus!
Um abençoado tempo de Advento para todos nós!